segunda-feira, 25 de março de 2013


SHIVA NATARAJA O mito é um modo de dizer que faz aparecer no mundo, o sagrado, em suas múltiplas dimensões. Uma expressão dessa linguagem é Shiva Nataraja. Shiva Nataraja é a personificação da fonte divina infinitamente criativa, que se manifesta como vida em movimento, a cada instante. Esse poder divino exatamente por ser criador é simultaneamente destruidor. Destruir é desestabilizar o estabelecido. È fazer aparecer o novo onde a velha estagnação já perdeu o sentido. A perda de sentido do estabelecido se dá quando o olhar divino de Shiva, que vê para além das formas, percebe a cristalização da vida, e com sua poderosa dança destrói as formas vigentes e varre todas as máscaras que encobrem o que é. Com seu movimento de força criativa Shiva Nataraja estabelece de novo a vida em seu modo de ser divino, sempre aberta para a infinitude de si mesma, e jorrando desde a sua fonte originária. Nataraja é Shiva em seu esplendor criativo e destruidor. A sua presença diz de muitas formas o que ele é: Ele se encontra em um circulo de fogo, dançando o universo em sucessivos ciclos onde o fim e início sempre aparecem, e assim, mudando constantemente tudo continua sendo o que é. O olhar imóvel de Shiva em meio à sua extática dança mostra o Um, absoluto e originário, onipresente e sendo sempre a fonte do movimento e das múltiplas formas. Seus quatro braços expressam aspectos do seu modo de ser. Na mão direita ao alto ele segura Damaru, o tambor que é o Naad, o som Divino, o verbo criador e por extensão a palavra e a música. Damaru é som e o éter manifestado pelo som, e é ao mesmo tempo o espaço onde ele ressoa. Terra, água, fogo e ar são constituídos de éter em diferentes graus de densidade. Daí o poder de modificar a matéria que é próprio do som. Entoando o Naad o homem reconhece o Aad, O Uno primordial que ele próprio é. A mão esquerda ao alto está em ardhacandra mudra (mudra da meia lua).Ele mostra o fogo como a força de transformação da forma para a não-forma. Do manifesto para o Imanifesto. Assim se dá a dança cósmica de morte e renascimento, que nunca cessa. A mão direita está em abhaya mudra, gesto da ausência total de medo, e que ao mesmo tempo protege e abençoa. Aquele que se enraíza no Divino nada teme, pois nenhuma circunstância pode alterar o que ele é. Ao contrário, com suas benções ele pode proteger, transformar e abençoar todas as situações. O gajahasta mudrá, a tromba do elefante na mão esquerda, à frente, mostra o poder de manifestar a força necessária para dissolver obstáculos e concretizar plenamente aquilo que é seu dharma realizar. A sabedoria e a determinação de completar a ação adequada. O pé esquerdo levantado diz que a vida é leve, é fluidez, é dança, e que ao homem está sempre aberta a possibilidade de ser a dança e o dançarino; de ser o Divino e a vida que dança. O pé direito está apoiado sobre um homem com um pequeno corpo. É um adulto. Não é apenas um pequeno homem. È mais que tudo, o homem pequeno. O anão cuja pequenez está na distância que ele cuidadosamente mantém de sua própria alma. É o demônio da ignorância e do esquecimento de si mesmo que sustenta no homem a vida fraca, conservadora, que busca manter sua mediocridade, com medo de dissolver-se na infinitude da sua própria origem. É o acovardamento do ego. A vida pobre, temerosa de sua própria exuberância, que se prende em busca de segurança e estabilidade e evita o êxtase da dissolução. O pedestal onde se encontra a forma é uma flor de lótus, símbolo do mundo manifestado, onde a consciência divina, Shiva, pisa sem se esquecer de Si mesma. Shiva Nataraja é um poderoso Sim á vida e à sua sacralidade cotidiana. E é um chamado ao homem para as suas máximas possibilidades. O dançarino divino convida a alma humana para dançar a vida plena. Na incerteza e descontinuidade criativa é que o passo novo aparece. Na morte do velho o sagrado brilha e faz surgir para Si mesmo uma nova face da sua própria beleza. Ao homem cabe morrer na dança Divina, e ser assim, o Imortal!! Akalmuret Singh

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